Meu último jogo - a gente nunca esuqece!
O último jogo também a gente não esquece. O meu foi na Ponte Preta
Sempre dizem que a primeira vez a gente nunca esquece. Mas não é só o
primeiro jogo que é marcante. O último também é. O meu foi na Ponte
Preta. Meu último clube, minha última oportunidade como goleiro, meu
último jogo em carreira profissional.
Estávamos no Campeonato Brasileiro na Série B. Chegamos a Belo Horizonte, no estádio do Independência, para jogar contra o América. Até aquele momento, esse era só mais um jogo dentre os muitos que eu já havia participado. Para ser sincero, mesmo eu já estando com meus quase 40 anos, não passava pela minha cabeça abandonar os gramados, a Ponte, a torcida.
Entrei em campo. Foi uma partida difícil. O América estava ganhando de goleada. Quando me dei conta, o placar estava 3 a 0 e eu só havia pegado na bola dentro da rede. Está certo que os gols eram quase impossíveis de ser defendidos... mas aquela situação era inédita para mim.
Disputa irrelevante...
Nesse contexto, a disputa entre Ponte Preta e América tornou-se irrelevante. Na minha mente só se passavam cenas da minha trajetória no futebol: o time de Garça, a chegada ao São Paulo, o Campeonato de 77, a Copa na Alemanha, a Seleção de 82...
Voltei à atenção ao jogo. O América havia marcado mais um gol. Agora a Ponte já perdia de 4 a 0. Veja bem... Ninguém me olhou feio, o técnico não estava me cobrando, o time não exigiu nada de mim. Mas, mesmo assim, eu achei que algo não estava certo. Talvez alguma decisão devesse ser tomada... Talvez minha missão no futebol estivesse se encerrando.
Sensação estranha
Estava tudo confuso. Era estranho abandonar aquilo que fora minha prioridade durante toda a minha vida: o campo. A partida acabou. Entrei no vestiário em silêncio e assim continuei até pegarmos o ônibus de volta a Campinas.
Os outros jogadores dormiam. Eu me mantinha acordado. Nunca vou me esquecer daquele momento. Veio-me uma luz... Tudo, repentinamente, ficou claro e compreensível: eu iria parar de jogar futebol. Minha estrada agora seria como técnico, comentarista, garoto-propaganda, ex- celebridade ou qualquer outra coisa. Mas a missão como goleiro se encerrava ali.
Na manhã do dia seguinte, comuniquei ao restante da equipe sobre minha decisão. Ninguém se surpreendeu ou implorou para que eu continuasse jogando. A repercussão na mídia também não foi grande... Quase não noticiaram minha aposentadoria.
Sem depressão
Mas não fiquei deprimido, triste ou sequer conformado. Afinal, eu sabia que uma hora isso aconteceria. Só estava aguardando o momento certo. Veja bem, a vida do jogador é assim... É curta. Mas marcada pelo esforço, glória, reconhecimento e por fim... A decadência, o espaço para os próximos que virão.
Dessa experiência ficam as memórias, as fotos, as lembranças. Foi assim com Pelé, Chicão, Zico, Rivelino e Jairzinho... Tal como meus ídolos, eu também fui moleque, catimbeiro, malandro e resolvi parar. Para que assim aparecessem o Gilmar, o Zetti, o Ceni...
Estávamos no Campeonato Brasileiro na Série B. Chegamos a Belo Horizonte, no estádio do Independência, para jogar contra o América. Até aquele momento, esse era só mais um jogo dentre os muitos que eu já havia participado. Para ser sincero, mesmo eu já estando com meus quase 40 anos, não passava pela minha cabeça abandonar os gramados, a Ponte, a torcida.
Entrei em campo. Foi uma partida difícil. O América estava ganhando de goleada. Quando me dei conta, o placar estava 3 a 0 e eu só havia pegado na bola dentro da rede. Está certo que os gols eram quase impossíveis de ser defendidos... mas aquela situação era inédita para mim.
Nesse contexto, a disputa entre Ponte Preta e América tornou-se irrelevante. Na minha mente só se passavam cenas da minha trajetória no futebol: o time de Garça, a chegada ao São Paulo, o Campeonato de 77, a Copa na Alemanha, a Seleção de 82...
Voltei à atenção ao jogo. O América havia marcado mais um gol. Agora a Ponte já perdia de 4 a 0. Veja bem... Ninguém me olhou feio, o técnico não estava me cobrando, o time não exigiu nada de mim. Mas, mesmo assim, eu achei que algo não estava certo. Talvez alguma decisão devesse ser tomada... Talvez minha missão no futebol estivesse se encerrando.
Sensação estranha
Estava tudo confuso. Era estranho abandonar aquilo que fora minha prioridade durante toda a minha vida: o campo. A partida acabou. Entrei no vestiário em silêncio e assim continuei até pegarmos o ônibus de volta a Campinas.
Os outros jogadores dormiam. Eu me mantinha acordado. Nunca vou me esquecer daquele momento. Veio-me uma luz... Tudo, repentinamente, ficou claro e compreensível: eu iria parar de jogar futebol. Minha estrada agora seria como técnico, comentarista, garoto-propaganda, ex- celebridade ou qualquer outra coisa. Mas a missão como goleiro se encerrava ali.
Na manhã do dia seguinte, comuniquei ao restante da equipe sobre minha decisão. Ninguém se surpreendeu ou implorou para que eu continuasse jogando. A repercussão na mídia também não foi grande... Quase não noticiaram minha aposentadoria.
Sem depressão
Mas não fiquei deprimido, triste ou sequer conformado. Afinal, eu sabia que uma hora isso aconteceria. Só estava aguardando o momento certo. Veja bem, a vida do jogador é assim... É curta. Mas marcada pelo esforço, glória, reconhecimento e por fim... A decadência, o espaço para os próximos que virão.
Dessa experiência ficam as memórias, as fotos, as lembranças. Foi assim com Pelé, Chicão, Zico, Rivelino e Jairzinho... Tal como meus ídolos, eu também fui moleque, catimbeiro, malandro e resolvi parar. Para que assim aparecessem o Gilmar, o Zetti, o Ceni...