No pequeno Kabuscorp, Rivaldo ainda não pensa em deixar o futebol Aos 40 anos, pernambucano fala que tem contrato com o clube angolano até o final deste ano e só depois disso é que irá definir futuro nos gramados
Campeão brasileiro, espanhol, europeu e do mundo. Foi ainda o melhor
jogador do planeta quando defendia o Barcelona, em 1999. Este é o
currículo do pernambucano Rivaldo,
que agora está à disposição do modesto Kabuscorp, de Angola. Fundado em
1994, o máximo que conseguiu foi um vice-campeonato angolano no ano
passado.
Rivaldo já marcou 11 gols pelo time, que hoje briga pelas primeiras posições. Apesar de carregar o time nas costas, aos 40 anos, o pernambucano rejeita o título de estrela. Rivaldo chega a treinar até muito mais do que os companheiros de time, o que chamou atenção do preparador físico do time.
- A condição física de Rivaldo é impecável para a idade que ele tem. Quando ele chegou em fevereiro, estava mal fisicamente.
- Aqui na África o pessoal corre bastante, você tem que se cuidar. Eu me cuido. Além dos treinamentos do dia a dia, trabalho sempre na academia. Senão, não dá para aguentar a correria.
O técnico do time também é estrangeiro. O russo Victor Bondarenko trabalha há 25 anos na África, mas fica quase sem palavras para definir a importância de Rivaldo para o time.
Édson Paulino, de apenas 14 anos, não o deixa mentir. Ele trabalha como gandula no estádio do Kabuscorp e diz que tem a sorte de ver o ídolo treinar todos os dias, bem de perto.
- Ela joga muito bem, tem um bom controle de bola e é um bom futebolista. Quero ser jogador de futebol, assim como Rivaldo.
Rivaldo mora num condomínio fechado em Luanda com a mulher Elisa e os três filhos do segundo casamento, João Vitor, Rebeca e Isaac. Apesar do pouco tempo, o pernambucano diz que já se sente à vontade no novo país, mas sente saudade da família que ficou no Brasil, principalmente da mãe, que mora em Paulista, na Região Metropolitana do Recife.
- Minha adaptação é sempre muito rápida. O país mais difícil que passei foi o Uzbequistão. Aqui é tranquilo. Tenho bastante saudade da família, da minha mãe. Cada dia falo com ela, com meus irmãos. Tenho casas em Paulista. Sempre que tenho férias, vou para Paulista. Tenho saudade, mas faz tanto tempo que estou fora que a gente se acostuma. A minha mãe já se acostumou. Faz 20 anos. Saí de lá em 1992, quando fui para Mogi Mirim. Depois, a família se acostuma. Há 20 anos saí do Recife, mas para o meu bem, para o bem da minha família.
Aos 40 anos, Rivaldo sabe que o fim da carreira está perto, mas ainda não pensou em datas e muito menos se pretende defender algum clube no Brasil.
- Não sei, não posso te prometer. Tenho contrato até novembro e não sei como vai ficar a situação do clube. Vamos ver se eu continuo jogando. Dia a dia, alegria de jogar, 20 anos de carreira. É tudo como eu gosto.
O carinho pelo Santa Cruz
- Fico feliz pela torcida tricolor. Toda minha família é Santa Cruz. Hoje, o time está num mau momento. Não posso prometer (voltar a defender o Santa). Não quero ir lá pela minha imagem. Quero ir lá jogar. Uma coisa é ter 20 anos, outra é ter 40. Não adianta apagar tudo o que você tem.
Seleção Brasileira
Com tantas conquistas no currículo, Rivaldo não consegue escolher o mais marcante. Para ele, dois títulos tem pesos iguais na sua carreira.
- Tenho dois momentos. 1999, quando fui considerado o melhor jogador do mundo e 2002, quando conquistei a Copa do Mundo.
- Posso dizer que foi um título de todos. Nunca gosto de falar de mim mesmo. O grupo estava unido, não foi só o Rivaldo ou só o Ronaldo.
Para ele, vestir a camisa 10 da Seleção, eternizada por Pelé, sempre foi motivo de orgulho.
Fico feliz por ter participado, jogado duas Copas do Mundo, e com a camisa 10, camisa consagrada. E só fiquei de fora 20 minutos, contra a Costa Rica, para entrada do Kaká.
Neymar na Europa
- Jogadores como o Neymar tem que ir para a Europa para pegar mais experiência. Falei isso e fui criticado, mas, com todo respeito a Neymar, Ganso e outros que se destacam no Brasil, o nível do futebol brasileiro não é o mesmo da Europa. Lá existe muito mais dificuldade. A gente sente nos jogos deles quando jogam com seleções lá fora, encontram dificuldades. Se ele sai, tem dois anos na Europa, os jogadores respeitam mais. Jogador que se pensa duas vezes antes de ir em cima. Estando lá fora, se respeita. Isso faz diferença numa Copa do Mundo.
A vida longe do futebol
Apesar de seguir atuando, Rivaldo não vive apenas do futebol. Agora, ele também é um homem dedicado à religião e espera tocar as pessoas com a fé, da mesma forma que encantou o mundo com a bola nos pés.
- Estou ajudando a construir uma igreja aqui em Angola. Sou evangélico, faz 8 anos que me converti, mas não sou pastor. Quem sabe um dia.
A igreja fica na periferia de Luanda e Rivaldo começou a ajudar bem antes de vir para Angola.
Pouco menos de dois anos atrás, mandou dinheiro para a compra do terreno. Quando acertou com o Kabuscorp, decidiu que ia acompanhar de perto a construção.
- Rivaldo é um exemplo de vida correta, não mistura verdade com mentira. Tem pastor que mente, bispo em que você acredita. Ele não. É um exemplo, fala, brinca com todo mundo. Um exemplo de vida.
Rivaldo já marcou 11 gols pelo time, que hoje briga pelas primeiras posições. Apesar de carregar o time nas costas, aos 40 anos, o pernambucano rejeita o título de estrela. Rivaldo chega a treinar até muito mais do que os companheiros de time, o que chamou atenção do preparador físico do time.
- A condição física de Rivaldo é impecável para a idade que ele tem. Quando ele chegou em fevereiro, estava mal fisicamente.
Rivaldo marcou 11 gols pelo Kabuscorp
O atleta explica que sempre se cuidou e agora ainda mais para poder aguantar o ritmo do futebol africano.- Aqui na África o pessoal corre bastante, você tem que se cuidar. Eu me cuido. Além dos treinamentos do dia a dia, trabalho sempre na academia. Senão, não dá para aguentar a correria.
O técnico do time também é estrangeiro. O russo Victor Bondarenko trabalha há 25 anos na África, mas fica quase sem palavras para definir a importância de Rivaldo para o time.
Victor Bondarenko está há 25 anos na África
- Deus deu para a gente o presente. Rivaldo, grandíssimo jogador,
grandíssima pessoa. Pode dar muitas coisas para nossa equipe e para
melhorar o futebol angolano.Édson Paulino, de apenas 14 anos, não o deixa mentir. Ele trabalha como gandula no estádio do Kabuscorp e diz que tem a sorte de ver o ídolo treinar todos os dias, bem de perto.
- Ela joga muito bem, tem um bom controle de bola e é um bom futebolista. Quero ser jogador de futebol, assim como Rivaldo.
Rivaldo mora num condomínio fechado em Luanda com a mulher Elisa e os três filhos do segundo casamento, João Vitor, Rebeca e Isaac. Apesar do pouco tempo, o pernambucano diz que já se sente à vontade no novo país, mas sente saudade da família que ficou no Brasil, principalmente da mãe, que mora em Paulista, na Região Metropolitana do Recife.
- Minha adaptação é sempre muito rápida. O país mais difícil que passei foi o Uzbequistão. Aqui é tranquilo. Tenho bastante saudade da família, da minha mãe. Cada dia falo com ela, com meus irmãos. Tenho casas em Paulista. Sempre que tenho férias, vou para Paulista. Tenho saudade, mas faz tanto tempo que estou fora que a gente se acostuma. A minha mãe já se acostumou. Faz 20 anos. Saí de lá em 1992, quando fui para Mogi Mirim. Depois, a família se acostuma. Há 20 anos saí do Recife, mas para o meu bem, para o bem da minha família.
Aos 40 anos, Rivaldo sabe que o fim da carreira está perto, mas ainda não pensou em datas e muito menos se pretende defender algum clube no Brasil.
- Não sei, não posso te prometer. Tenho contrato até novembro e não sei como vai ficar a situação do clube. Vamos ver se eu continuo jogando. Dia a dia, alegria de jogar, 20 anos de carreira. É tudo como eu gosto.
O carinho pelo Santa Cruz
Rivaldo começou a carreira no Santa Cruz
O Santa Cruz, clube onde iniciou a carreira e que hoje luta para fugir
da Série C do Brasileiro, ainda tem um espaço especial no pensamento de
Rivaldo. No entanto, ele não sabe se teria condições de voltar a vestir a
camisa tricolor.- Fico feliz pela torcida tricolor. Toda minha família é Santa Cruz. Hoje, o time está num mau momento. Não posso prometer (voltar a defender o Santa). Não quero ir lá pela minha imagem. Quero ir lá jogar. Uma coisa é ter 20 anos, outra é ter 40. Não adianta apagar tudo o que você tem.
Seleção Brasileira
Com tantas conquistas no currículo, Rivaldo não consegue escolher o mais marcante. Para ele, dois títulos tem pesos iguais na sua carreira.
- Tenho dois momentos. 1999, quando fui considerado o melhor jogador do mundo e 2002, quando conquistei a Copa do Mundo.
Título mundial em 2002 foi um dos mais importantes para Rivaldo
Mesmo enfrentando desconfiança de parte da torcida, o Rivaldo foi um
dos principais responsáveis pela conquista, ao lado de Ronaldo. No
entanto, ele fez questão de dividir os méritos com todo o elenco.- Posso dizer que foi um título de todos. Nunca gosto de falar de mim mesmo. O grupo estava unido, não foi só o Rivaldo ou só o Ronaldo.
Para ele, vestir a camisa 10 da Seleção, eternizada por Pelé, sempre foi motivo de orgulho.
Fico feliz por ter participado, jogado duas Copas do Mundo, e com a camisa 10, camisa consagrada. E só fiquei de fora 20 minutos, contra a Costa Rica, para entrada do Kaká.
Neymar na Europa
Rivaldo defende transferência de Neymar para a
Europa
Mesmo na África, Rivaldo acompanha a Seleção e é um dos defensores da
transferência de craques da nova geração como Neymar e Ganso para o
futebol europeu.Europa
- Jogadores como o Neymar tem que ir para a Europa para pegar mais experiência. Falei isso e fui criticado, mas, com todo respeito a Neymar, Ganso e outros que se destacam no Brasil, o nível do futebol brasileiro não é o mesmo da Europa. Lá existe muito mais dificuldade. A gente sente nos jogos deles quando jogam com seleções lá fora, encontram dificuldades. Se ele sai, tem dois anos na Europa, os jogadores respeitam mais. Jogador que se pensa duas vezes antes de ir em cima. Estando lá fora, se respeita. Isso faz diferença numa Copa do Mundo.
A vida longe do futebol
Apesar de seguir atuando, Rivaldo não vive apenas do futebol. Agora, ele também é um homem dedicado à religião e espera tocar as pessoas com a fé, da mesma forma que encantou o mundo com a bola nos pés.
- Estou ajudando a construir uma igreja aqui em Angola. Sou evangélico, faz 8 anos que me converti, mas não sou pastor. Quem sabe um dia.
A igreja fica na periferia de Luanda e Rivaldo começou a ajudar bem antes de vir para Angola.
Pouco menos de dois anos atrás, mandou dinheiro para a compra do terreno. Quando acertou com o Kabuscorp, decidiu que ia acompanhar de perto a construção.
- Rivaldo é um exemplo de vida correta, não mistura verdade com mentira. Tem pastor que mente, bispo em que você acredita. Ele não. É um exemplo, fala, brinca com todo mundo. Um exemplo de vida.